terça-feira, 27 de abril de 2010

Literatura e Cinefilia

"Oswald de Andrade tem poemas bonitinhos e muito curtos" - disse o professor Lucas - "Como exemplo temos esse, chamado 'Adolescência':
'Aquele amor
nem me fale...'
O que vocês acham?"
"Que coisa estranha!" - Betina, a minha esquerda.
"Ah, eu gostei! Coisas curtas, de que a gente não tem muita informação, tendem a nos fascinar... Esse cara é inteligente, ele fez um poeminha e a interpretação dele depende da cabeça de cada um, pra cada pessoa os versos dizem algo diferente, o poema não nos diz o que devemos imaginar!" - Vitória começando suas divagações (sou chata com isso, de verdade).
"Vitória tá viajando já..." - Turma.
"É que a Vitória é futurista!" - Luiza finalizou.
O futurismo, na literatura, rejeitava adjetivos e advérbios para, como disse o professor naquela aula, cultivar a imaginação.
Bom, eu não posso dizer que faço o mesmo, adoro detalhar e usar adjetivos de todas as formas, mas com certeza sou admiradora das mentes brilhantes que fazem esse tipo de trabalho com o pensamento e imaginação de seus espectadores.
Temos como exemplo um diretor famoso: Steven Spielberg. No começo de sua carreira, dirigia apenas filmes curtos produzidos para a TV. Mas algo chama a atenção logo em seu primeiro trabalho, o filme "Encurralado" (1971). No filme, um carro é perseguido por um caminhão pela estrada. O motorista do caminhão nunca aparece através do vidro e isso cria uma tensão maior ainda... "Quem está dirigindo? Por que persegue o homem do carro? O que ele quer?" - você se pergunta, mas tudo o que pode ver é a imagem monstruosa do caminhão.
Quatro anos depois podemos perceber esse mesmo padrão no filme "Tubarão": até pelo menos a metade do filme o peixinho não aparece, mas bóias são furadas no mar, uma pessoa morre afogada misteriosamente, fazendo-o parecer mais assustador e criando um clima de terror no filme... essa é a tensão que o desconhecido nos traz!
O poema de Oswald de Andrade não apenas nos faz indagar à que ele se refere ou o que está acontecendo, mas relembra os nossos próprios amores e paixões. Admita: você lembrou de alguém e ficou com um sorriso bobo quando leu os dois versinhos!
Esse é o motivo do meu fascínio pela literatura, música e cinema: o quanto eles podem refletir em nós e são capazes de mudar um dia. Um dia? Eu ouso dizer que a combinação dos três pode mudar uma vida inteira!

7 comentários:

  1. adorei vitória e adoro poeminhas curtos, como os de Manaoel de Barros e Manuel Bandeira. Amei o blog lhe seguindo

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  2. Uma vez eu vi isso em um livro. Temos mais medo do que não sabemos o que é esse filme encurralado não sabemos quem é o caminhoneiro da uma agonia pensar o porque o motorista do carro está sendo perseguido. Eu fiquei muito tempo com medo de caminhões por causa desse filme não sabia quem era o caminhoneiro então podia ser qualquer um huahuahua

    Adorei o post, parabéns!

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  3. só tenho uma crítica a fazer: eu não falei que era paia, apenas fiz uma cara de "que coisa mais estranha".

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  4. Obrigada pelos comentários, gente! E ja mudei ali, jurei que tu tinha dito, Betina!

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  5. agora ta better! é que eu costumo falar paia com frequência, então é totalmente normal tu ter botado no texto. UAHSUAHUHSAUAHUAHU

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  6. Depois de re-ler eu mudei minha ideia sobre o teu texto, mas mesmo assim eu acho que tinha tópico pra escrever dois textos sobre esses assuntos!
    Tá muito bom!
    Beijos sis

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  7. passando para deixar convite para participar da promo que esta acontecendo lá no blog

    grandes abraços

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